quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Porto de Porto Velho interdita cais e paralisa operação com grãos em RO

Por causa da cheia histórica do Rio Madeira, grãos são levados por terra.
Cota chegou a 18,51 metros, no final da tarde desta terça, diz Defesa Civil.

Ivanete DamascenoDo G1 RO
Porto de Porto Velho interditou transporte de grãos por segurança (Foto: Soph/Divulgação)Porto de Porto Velho interditou transporte de grãos por segurança (Foto: Soph/Divulgação)












A cheia do Rio Madeira provocou nesta terça-feira (25) a interdição do cais flutuante no Porto Organizado de Porto Velho, o que impede a movimentação de grãos (soja e milho). Por causa da interdição os grãos devem ser levados por terra aos portos de Paranaguá (PR) e de Santos (SP), segundo a Sociedade de Portos e Hidrovias do Estado de Rondônia (Soph). O Corpo de Bombeiro informou que a enchente histórica no rio registrou a cota de 18,51 metros, no final da tarde desta terça.
A gravidade das enchentes em Porto Velho foi classificada como de nível 3, numa escala que vai de 1 a 3, segundo coronel Lioberto Ubirajara Caetano de Souza, comandante do Corpo de Bombeiros, por causa do número de famílias atingidas, entre desabrigadas e desalojadas, 1,8 mil e das consequências econômicas. 
A medida de fazer a interdição, explica a Soph, pretende garantir a segurança das operações portuárias, uma vez que há risco da estrutura desabar, pois a correnteza está puxando a plataforma suspensa por correntes para baixo. No cais flutuante, a ponte que dá acesso e sustentação ao terminal ficou alagada.
O Porto de Porto Velho explica que no local operam as cargas gerais como carregamentos de óleo, açúcar, produtos refrigerados, hortifrutigranjeiros, mas estes foram remanejados para o ponto de atracação das rampas tipo RO-RO. Já as cargas de milho e soja, a Soph explica, em nota, que ‘não existe outra estrutura no Porto que atenda às especificidades desse tipo de operação’.
As cargas de grãos representam cerca de 70% total do porto, mas a Soph diz que com o aumento em cerca de 500% no movimento influenciados pela cheia histórica do Rio Madeira, não está havendo prejuízo para o setor. Diariamente, o Porto operava com uma média de 6,2 mil toneladas e saltou para 20 mil desde o início da cheia. “Posso assegurar que se a economia do estado não parou ainda. Foi graças aos nossos esforços de atender a demanda extra”, disse o diretor de operações, Edinaldo Gonçalves Cardoso.
Carregamento de hortifrutigranjeiros foram transferidos para outra plataforma (Foto: Soph/Divulgação)Carregamento de hortifrutigranjeiros foram
transferidos para outra plataforma
(Foto: Soph/Divulgação)
Nesta terça-feira, o governador de Rondônia, Confúcio Moura, falou da interdição do Porto da capital e pediu que o estado do “Mato Grossonão remeta mais suas cargas para cá. Certamente, haverá um golpe profundo na economia dos dois estados”.
Produtores de Vilhena, no sul de Rondônia, estão muito preocupados com uma possível perda do produto, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) de Rondônia. "Os produtores de Vilhena estão muito apreensivos porque os armazéns já estão quase cheios, com a suspensão do carregamento para Porto Velho não terão onde armazenar a produção", diz Vicente Godinho, pesquisador do órgão. Ele ressalta que, juntamente, com o sindicato da categoria, há uma tentativa de liberação para que a exportação seja feita pelo estado do Mato Grosso, mas sem a cobrança de tarifa.
Juliano Marim, do setor logístico da Cooperativa de Transportes de Rondônia, afirma que com a interrupção dos carregamentos, os caminhões que estão parados em Porto Velho serão descarregados, mas não sabe quando vai liberar novamente. "Não enviamos para Paranaguá, somente para Porto Velho, Rondonópolis (MT) ou Pará. Talvez amanhã vamos liberar algumas cargas para Rondonópolis", diz.
Regiões afetadas em Ressaca (Foto: Defesa Civil/Divulgação)Regiões afetadas em Ressaca, localidade de Porto Velho (Foto: Defesa Civil/Divulgação)
Cenáro da cheia
A Defesa Civil Estadual afirmou que a situação da cheia do Rio Madeira permanece num estado caótico, mas que todas as famílias desabrigadas estão sendo assistidas. Na segunda-feira, o navio patrulha da Marinha e o navio hospital foram incorporados às ações da Defesa Civil, além de ter estabelecido uma rede comunicação com São Carlos, distrito localizado no Baixo Madeira.
Na região do Baixo e Médio Madeira, a Defesa Civil alerta que há várias famílias atingidas diretamente pela cheia, principalmente em São Carlos, pois muitas pessoas elevaram o assoalho, levantaram os móveis e agora estão tendo que sair pelo telhado, pois a água já cobriu portas e janelas das casas.
São Carlos está praticamente submerso pela água do Rio Madeira, segundo a Defesa Civil, que explica ser esta uma região baixa e que recebe água do Rio Cuniã, na parte atrás do distrito, e do Rio Madeira na parte da frente. Cerca de 2 mil famílias devem ser diretamente atingidas pela cheia no Baixo e Médio Madeira.
Nos distritos do Eixo da BR-364, são 30 famílias desabrigadas e 126 desalojadas em Fortaleza do Abunã, Jacy-Paraná e Abunã. Já em Nova Mamoré, 15 estão desabrigadas e 41 famílias desalojadas, mas a Defesa Civil ressalta que todos os moradores são indiretamente atingidos, porque o município está isolado. Em Guajará-Mirim não há desabrigados e desalojados, mas 150 estivadores foram atingidos diretamente pela cheia.
O ministro da Integração Nacional, Francisco Teixeira, reconheceu, nesta terça-feira (25), em Porto Velho, que a cheia do Rio Madeira é o maior desastre natural da Amazônia. “Trago esta notícia avalisada pelos técnicos do governo. Realmente, vejo um cenário bastante crítico”, disse o ministro, que fez o segundo sobrevoo nas regiões alagadas em menos de duas semanas. O ministro deixou ordens ao Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (Dnit) e Forças Armadas: “Não pode haver colapso no abastecimento ao Acre”.

fonte: http://g1.globo.com/ro/rondonia/noticia

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